2011-11-28

Como despertar a pergunta sobre Deus?

DESTAQUES

Mas como despertar a pergunta sobre Deus?

A pergunta sobre Deus desperta no encontro com quem tem o dom da fé.
Conhece-se Deus através dos homens e mulheres que o conhecem.

O homem contemporâneo precisa de ver com os seus olhos
e tocar com as mãos que com Deus ou sem Deus tudo é diferente.

Mas a mentalidade fechada ao transcendente obriga os próprios cristãos a voltar de modo mais decidido à centralidade de Deus.

Na verdade, os cristãos não habitam um planeta distante, imune contra as "doenças" do mundo. Por isso não é menos urgente repropor a questão de Deus também no próprio tecido eclesial.

Quantas vezes, apesar de definir-se cristãos, Deus de facto não é o ponto de referência central no modo de pensar e de agir, nas escolhas fundamentais da vida.


TEXTO DESENVOLVIDO

Mas como despertar a pergunta sobre Deus, para que se torne a questão fundamental?

Caros amigos, se é verdade que «ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa» (Deus caritas est, 1), a pergunta sobre Deus desperta no encontro com quem tem o dom da fé, com quem tem uma relação com o Senhor.

Conhece-se Deus através dos homens e mulheres que o conhecem: a estrada que conduz até Ele passa, de modo concreto, através de quem já o encontrou. Aqui o vosso papel de fiéis leigos é particularmente importante.
Como observa a Christifideles Laici, é esta a vossa vocação específica: na missão da Igreja «...cabe aos fiéis leigos um lugar de relevo, em razão da sua "índole secular", que os empenha, com modalidades próprias e insubstituíveis, na animação cristã da ordem temporal.» (n. 36).

Sois chamados a dar um testemunho transparente da relevância da questão de Deus em todos os campos do pensar e do agir. Na família, no trabalho, e também na política e na economia, o homem contemporâneo precisa de ver com os seus olhos e tocar com as mãos que com Deus ou sem Deus tudo é diferente.

Mas o desafio lançado por uma mentalidade fechada ao transcendente obriga ainda os próprios cristãos a voltar de modo mais decidido à centralidade de Deus. Às vezes tem-se insistido para que a presença dos cristãos no campo social, na política e na economia seja mais incisiva, e talvez não nos tenhamos preocupado na mesma medida com a solidez da sua fé, como se a fé fosse um dado adquirido de uma vez por todas.

Na verdade, os cristãos não habitam um planeta distante, imune contra as "doenças" do mundo; partilham as perturbações, as desorientações e as dificuldades do seu tempo.

Por isso não é menos urgente repropor a questão de Deus também no próprio tecido eclesial.

Quantas vezes, apesar de definir-se cristãos, Deus de facto não é o ponto de referência central no modo de pensar e de agir, nas escolhas fundamentais da vida.

A primeira resposta ao grande desafio do nosso tempo está, portanto, na profunda conversão do nosso coração, para que o Baptismo que nos tornou luz do mundo e sal da terra possa verdadeiramente transformar-nos.


Fonte: http://magisterobenedettoxvi.blogspot.com/2011/11/il-papa-i-cristiani-non-abitano-un.html

2011-11-22

A Crise - Desafio a uma Mudança

Quer queiramos quer não, a crise existe. E está a mudar as condições de vida de milhões de pessoas,
em muitos países, e seguramente também em Portugal: há mais pobres, há cada vez mais
empresas a fechar, arriscamo-nos a ficar ainda mais à margem do desenvolvimento mundial, a
sermos despromovidos a país de segunda categoria.

Ler mais: Comunhão e Libertação

2011-11-19

Por um liberalismo conservador

Henrique Raposo, Expresso, 2011-11-18

I. Como deve ser a economia de uma sociedade justa? Bom, a resposta passa necessariamente por aquele ambiente cosmopolita que é normalmente identificado através da sua alcunha: o mercado. Porém, este ensaio não procura fazer a enésima defesa da superioridade do mercado. Ao invés, este ensaio tenta reinvocar elementos da tradição liberal que estão a montante do mercado. No fundo, desenvolvemos aqui um argumento político e social, flanqueando assim o economês reinante no espaço público. E esse argumento mui clássico é o seguinte: sem um Estado de Direito forte e sem um conjunto robusto de "corpos intermédios", o mercado não é eficaz e, por arrastamento, não é possível criar uma sociedade justa.

II. A economia de uma sociedade justa precisa de confiança. Sim, confiança. Esta variável qualitativa não tem uma forma quantitativa (não se mede em gráficos e tabelas), mas é de suprema importância. Nós sabemos - desde Adam Smith - que a confiança é o eixo orgânico das trocas comerciais. Ora, sucede que esta confiança não é um factor económico. Ou seja, nós não geramos confiança através de ferramentas económicas. A confiança é gerada através de factores institucionais (Estado de Direito) e sociais ("corpos intermédios").

III. Vale a pena reafirmar a evidência civilizacional: sem um Estado de Direito célere e forte, o mercado não funciona. Não é possível manter uma economia de mercado saudável sem aquele ambiente de previsibilidade garantido pela lei e pelos tribunais. O mercado é orgânico, sim senhora, mas assenta em contratos legais muito mecânicos. Por outras palavras, sem a mecânica do Estado de Direito, a natureza orgânica do mercado não funciona (quem pensar o contrário é um optimista antropológico sem emenda). E parece-nos que, nas últimas décadas, alguma euforia liberal (ex.: a ideia do mundo plano e sem fronteiras) negligenciou esta dimensão política e legal da economia.

IV. Neste momento, a ausência de um Estado de Direito na China é um dos factores que gera desconfiança entre Washington e Pequim (ex.: a questão dos direitos de autor, sempre desrespeitados pelos chineses). Não por acaso, os intelectuais indianos gostam sempre de colocar em cima da mesa a seguinte narrativa: "Índia (Estado de Direito) versus China (regime autoritário sem Estado de Direito)". E, de facto, podemos aceitar - sem grande controvérsia - a ideia de que a Índia, apesar de ser mais proteccionista, é mais previsível a longo prazo do que a China. Um contrato vale mais na Índia do que na China.

V. Mas não é preciso ir até à Índia para compreendermos a importância do Estado de Direito. Basta olhar aqui para Portugal. Como se sabe, Portugal atravessa uma crise há mais de uma década. Em Lisboa, existe um enorme debate em torno das soluções para a crise. Maior ou menor flexibilidade laboral? Maior ou menor intervenção do Estado? Ora, todas estas discussões económicas são interessantes, mas estão situadas a jusante. A montante, a economia portuguesa tem um problema de fundo: a morosidade da justiça. Em Portugal, um empresário leva - em média - 1600 dias para reaver uma dívida pela via legal. Isto quer dizer que - na prática - a sociedade portuguesa não respeita o primado do contrato. Como é óbvio, este facto afugenta investidores e empresários. Quem é que quer investir numa sociedade que leva quase cinco anos a desbloquear uma dívida? Em consequência, o investimento directo estrangeiro representa apenas 2,4% do PIB português (na Bélgica é de 12,5%). A par da desconfiança (aceitar um cliente novo pode significar dívidas, e não lucro), esta morosidade judicial cria uma imensa injustiça, digamos, social: se uma grande empresa tem a estrutura para suportar vários calotes, uma pequena empresa já não tem essa resistência. Moral da história: sem um Estado de Direito eficaz, nem um ressuscitado Adam Smith conseguiria reerguer a economia portuguesa.

VI. A par do Estado de Direito, outro factor é fundamental para a criação da confiança: um conjunto forte e alargado de "corpos intermédios". Recordando Tocqueville, convém dizer que o Estado moderno e burocrático não é apenas uma ameaça para o indivíduo per se. O Estado também é uma ameaça para os "corpos intermédios" da sociedade, a saber: as igrejas, as associações, as misericórdias, as escolas, as universidades, os clubes, os laços de vizinhança, etc., etc. Esta rede de relações orgânicas é a base do chamado capital social. E este capital social é a argamassa cívica que une os indivíduos, isto é, a tal confiança. Neste sentido, vale a pena reinvocar um argumento clássico que está mais ou menos esquecido: a religiosidade dos americanos é um dos factores que sustenta - há séculos - a economia dos EUA. Ao frequentarem constantemente as igrejas das suas comunidades, os americanos criam laços de confiança, que, depois, são úteis nas relações económicas. Pode parecer estranho, mas os laços paroquiais são tão ou mais importantes do que a bolsa de valores na formação de uma economia justa.

VII. Em resumo, este ensaio defende que a economia de uma sociedade justa deve assentar num liberalismo conservador. Sim, com certeza, o mercado é a melhor forma de criar riqueza, mas o dito mercado tem de actuar num cenário marcado pelo rigor institucional e pela pluralidade orgânica dos corpos intermédios. Sem um Estado de Direito forte e sem comunidades interligadas por capital social (e religioso), o mercado nunca será eficaz. Por outras palavras, não podemos esquecer que a tradição liberal nasceu em debates religiosos e políticos, e não em debates estritamente económicos.

2011-11-18

PJ 20

Pearl Jam 20 soundtrack


Que bela música para começar o meu 34º aniversário! :)
Obrigado Jo! A letra do "walk with me" foi escrita para nós! ;)

"
I feel your love
I feel your strong love
I feel the patience
Of unconditional love
I feel the strength
I feel your faith in me
I'll never let you down no matter what you do
If you just walk with me and let me walk with you
I'm on this journey
I don't wanna walk alone
Walk with me
"

2011-11-17

Tudo ou nada

Raquel Abecasis, RR on-line, 2011-11-14

Cavaco disse nos Estados Unidos que, para resolver a crise europeia, é preciso que o Banco Central Europeu faça na Europa o que o banco federal americano faz nos Estados Unidos para salvar a América destas tormentas.

É uma realidade que parece uma verdade, de Monsieur de La Palisse para qualquer comum mortal que olhe para o mal europeu. Se resulta do lado de lá do Atlântico, porque não há-de resultar do lado de cá?
A resposta só pode ser uma: com as coisas como estão, se estivessem de boa fé, os líderes europeus deveriam, pelo menos, tentar aquela que parece ser a solução mais óbvia.
Não tentam porquê? Porque querem conseguir o impossível: ter os "Estados Unidos da Europa" sem a regra básica da solidariedade entre os Estados. Querem conseguir o sucesso americano sem o esforço americano.
Os mercados já o perceberam e não vão deixar que a Europa continue a brincar aos estados federados. Por isso, bem podem vir a sra. Merkel e o sr. Sarkozi com falinhas mansas - ou, ainda, o inefável Durão Barroso com os seus discursos “não me comprometam” -, que esta guerra sem quartel não vai deixar os europeus dormirem descansados.
Dêem as voltas que derem, os europeus estão obrigados pelos mercados a dar um passo à frente ou a desistirem deste projecto. Agora, já não há gregos, nem portugueses nem alemães. Ou a Europa age como um todo ou desaparece.