2012-05-23

Protuguês

via Fátima Martinho e em homenagem ao Cristiano "Reinaldo" ;)

É importante saber-mos Protuguês

Pessoal crítico ou pseudo-crítico (porque acham que é giro ou intelectual) do acordo ortográfico. Na realidade, o verdadeiramente importante é saber Português.

A língua Portuguesa é uma língua viva, e não morta como o Latim, sujeita a mudanças de diversas espécies, influências, etc. É uma língua -felizmente- dinâmica e ativa que se destaca pela evolução. Ninguem tem habilitações -simplesmente não existem- para determinar e parameterizar esta evolução, tanto em Português como noutra qualquer língua viva qualquer. Portanto, quem se arvora em "detentor da pureza e da verdade" não é mais do que um falso sacerdote duma seita religiosa com aspirações a ganhar protogonismo, fama e dinheiro!

Os agentes e pessoas que desenvolveram, facilitaram ou aprovaram o acordo ortográfico, não fizeram mais do que libertar e viabilizar uma tendência, um caminho. Certo, ou errado, neste momento nenhum professor, doutor, mestre, licênciado, bacharel, técnico, pós-graduado ou outra espécie académica tem competência e capacidade para emitir um pálido juízo concreto, cabal e sólido. Só os soberbos, ignorantes e patéticos seguidores de qualquer corrente -preferencialmente a barulhenta. somente a história, isto é o tempo e o espaço poderão ser juízes em causa própria... ou seja nossos ossos, nesses dias serão fósseis... senão tivermos sido cremados como está na moda agora!

É importante saber-mos Protuguês

Está-mos çempre há prender, num é?

Prontus
Usar o mais possível. É só dar vontade e podemos sempre soltar um 'prontus'! Fica sempre bem.

Númaro
Também com a vertente 'númbaro'. Já está na Assembleia da República uma proposta de lei para se deixar de utilizar a palavra NÚMERO, a qual está em claro desuso. Por mim, acho um bom númaro!

Pitaxio
Aperitivo da classe do 'mindoím'.

Aspergic
Medicamento português que mistura Aspegic com Aspirina

Alevantar
O ato de levantar com convicção, com o ar de 'a mim ninguém me come por parvo!... alevantei-me e fui-me embora!'.

Amandar
O acto de atirar com força: 'O guarda-redes amandou a bola para bem longe'

Assentar
O ato de sentar, só que com muita força, como fosse um tijolo a cair no cimento.

Capom
Tampa de motor de carros que quando se fecha faz POM!

Destrocar
Trocar várias vezes a mesma nota até ficarmos com a mesma.

Disvorciada
Mulher que diz por aí que se vai divorciar.

É assim...
Talvez a maior evolução da língua portuguesa. Termo que não quer dizer nada e não serve para nada. Deve ser colocado no início de qualquer frase.

Entropeçar
Tropeçar duas vezes seguidas.

Êros
Moeda alternativa ao Euro, adotada por alguns portugueses.
Também conhecida por "aéreos".

Falastes, dissestes...
Articulação na 4ª pessoa do singular. Ex.: eu falei, tu falaste, ele falou, TU FALASTES...

Fraturação
O resultado da soma do consumo de clientes em qualquer casa comercial. Casa que não fratura... não predura.

Há des
Verbo 'haver' na 2ª pessoa do singular: 'Eu hei de cá vir um dia; tu há des cá vir um dia...'

Inclusiver
Forma de expressar que percebemos de um assunto. E digo mais: eu inclusiver acho esta palavra muita gira. Também existe a variante 'Inclusivel'.


A forma mais prática de articular a palavra MEU e dar um ar afro à língua portuguesa, como 'bué' ou 'maning'. Ex.: Atão mô, tudo bem?

Nha
Assim como Mô, é a forma mais prática de articular a palavra MINHA. Para quê perder tempo, não é? Fica sempre bem dizer 'Nha Mãe' e é uma poupança extraordinária.

Parteleira
Local ideal para guardar os livros de Protuguês do tempo da escola.

Perssunal
O contrário de amador. Muito utilizado por jogadores de futebol. Ex: 'Sou perssunal de futebol'. Dica: deve ser articulada de forma rápida.

Prutugal
País ao lado da Espanha. Não é a Francia.

Quaise
Também é uma palavra muito apreciada pelos nossos pseudo-intelectuais... Ainda não percebi muito bem o quer dizer, mas o problema deve ser meu.

Stander
Local de venda. A forma mais famosa é, sem dúvida, o 'stander' de automóveis. O 'stander' é um dos grandes clássicos do 'português da cromagem'...

Tipo
Juntamente com o 'É assim', faz parte das grandes evoluções da língua portuguesa. Também sem querer dizer nada, e não servindo para nada, pode ser usado quando se quiser, porque nunca está errado, nem certo. É assim... tipo, tás a ver?

Treuze
Palavras para quê? Todos nós conhecemos o númaro treuze.

E, a minha preferida do Luso-Americano:

Closeta
Armário da dispensa

2012-05-03

O destino construtivo do trabalho humano

Luigi Giussani, Editorial da Tracce. Fevereiro de 1999

Tentemos imaginar uma cidade medieval. Não importa se é pequena ou grande, rica ou mais modesta. Uma Catedral sobressai, um templo, sinal da proximidade entre Deus e o homem.

A Catedral é o resultado do trabalho de todo o povo. Não apenas dos arquitectos que a planearam, dos artistas que a embelezaram, dos escultores que a decoraram ou dos pedreiros que lhe levantaram as paredes.

Mesmo o tecelão numa oficina distante ou a mãe que lava a roupa do seu homem compreendiam, ainda que vagamente, que o seu trabalho estava contido naquele sinal; que o sinal os questionava e lhes abria um horizonte mais vasto do que o resultado imediato. A Catedral era o sinal do trabalho do povo, de toda a gente, que proclamava, na história do homem, a glória de Jesus de Nazaré.

O povo daquela cidade medieval, tecendo uma sociedade que salpicou a Europa de catedrais, fez o seu trabalho; desde o arquitecto ao tecelão; desde aqueles que tinham uma fé escaldante até aqueles cuja fé era mais frágil. Semeando aqueles sinais da presença de Deus, que é tudo em todos, aquela gente testemunhou a presença divina na história como um factor de unidade, de crescimento e de verdadeira previdência para a sociedade.

Deste modo “ajudavam” Deus, o “trabalhador eterno”, no seu trabalho misericordioso de construir e sustentar a esperança humana.

A natureza de um povo pode ser compreendida pelo seu trabalho, pelo valor que ele atribui ao seu trabalho. Porque o significado do mundo é afirmado ou negado, não tanto com palavras, mas pela oferta do nosso trabalho diário, pelo sacrifício feito para o trabalho de um Outro. Isto acontece com o empenho de cada um naquele bocado de realidade que as circunstâncias lhe propõem cada dia, para as manipular e transformar, pedindo sempre para ser cooperador com Cristo, partilhando com Ele a vontade do Pai que está no Céu. Construir catedrais - de pedra ou de gente - é o maior desafio para um Cristão, como proclama o grande T. S. Elliot na dramática perspectiva que afirma a alternativa entre o bem e o mal ou a violência:

“E se o Templo é para ser destruído, primeiro, temos que o construir”.